quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

MEMORIAL DA AMÉRICA LATINA - PORTINARI


Devidamente restaurados, painéis "Guerra" e "Paz" (detalhe), de Portinari, visitam São Paulo pela primeira vez. No Memorial,a partir de 7 de fevereiro


A exposição Guerra e Paz, de Portinari está aberta ao público até 21 de abril - com entrada gratuita - na Fundação Memorial da América Latina. É a primeira vez que os painéis "Guerra" e "Paz" são exibidos devidamente restaurados. A mostra, no entanto, é muito mais. Inclui os estudos do pintor para essa obra, que são pequenas obras primas. Além disso, há uma interface digital, com projeções e videos usando tecnologia de ponta (foto ao lado). Uma linha do tempo foi traçada, usando imagens em movimento, com a trajetória inteira do pintor, desde sua infância em Brodowski, SP. E o setor educativo, com visitas guiadas e uma programação de oficinas.

Guerra e Paz, de Portinari apresenta os dois últimos e maiores murais criados por Cândido Portinari (1903 - 1962), após minucioso trabalho de restauro, realizado entre fevereiro e maio de 2011, que trouxeram de volta às obras o cromatismo intenso que caracteriza o trabalho do pintor de Brodowski.

Os monumentais murais estão expostos junto a cerca de 100 dos estudos originais preparatórios para Guerra e Paz, além de uma centena de documentos históricos, entre cartas e fotos, que contam, em detalhes, toda a trajetória de criação das obras, encomendadas pelo governo brasileiro para presentear a sede da ONU, em Nova York. São exibidos continuamente documentários sobre a vida e a obra do pintor.

"É uma exposição histórica, sem precedentes, oportunidade única de ver Guerra e Paz no Brasil reunidos aos estudos, no Memorial da América Latina, em São Paulo. Nem o próprio pintor teve a chance de ver todo este material em seu conjunto", afirma João Candido Portinari, filho do pintor, fundador e diretor geral do Projeto Portinari, ainda nos anos 80.

Para o Memorial, é significativo ter os famosos painéis, que há 54 anos estão em Nova York. O presidente do Memorial, Antonio Carlos Pannunzio ressalta a importância da exposição: “Essas obras falam tudo a respeito das aflições e da esperança que atormentam e acalentam a humanidade desde sempre e serão vistas por milhares. Sem dúvida, elas ajudarão o Memorial a cumprir sua missão de aproximar povos, especialmente povos latino-americanos, sobretudo se isso for feito sob a motivação maior – a busca da paz”.

Para o Secretário Estadual de Cultura Andréa Matarazzo, o Salão de Atos do Memorial é o lugar ideal para a dimensão física (14m x 10m) e emocional dos painéis. “Parece que esse espaço foi construído especificamente para isso”, diz, e brinca, “a próxima missão de João Candido será convencer a ONU que os quadros Guerra e Paz devem é ficar aqui Memorial”. Matarazzo ressalta a dedicação de Candinho em recuperar, cultivar, engrandecer e divulgar a memória e a obra do pintor: “Filho apaixonado, orgulhoso do trabalho do pai, João Candido faz da sua vida um verdadeiro sacerdócio em prol da propagação da obra de Portinari.” Quando se recorda que os painéis gigantesco ficavam inacessíveis ao público, em NY, assim como 95% da obra de Candido Portinari permanece trancada em coleções particulares, fica claro a importância desse trabalho.

Os painéis foram restaurados no primeiro semestre de 2011no Rio de Janeiro, em ateliê aberto ao público, montado no Palácio Gustavo Capanema, por iniciativa do Projeto Portinari. Antes disso, eles tinham ficado expostos no palco do Teatro Municipal carioca, entre 22 e 30 de dezembro de 2010. Mais de 40 mil pessoas foram visitá-lo!

Guerra e Paz são obras da década de 50 feitas especialmente para a sede da Organização das Nações Unidas, em Nova York. Entre 1952 e 1956, Candido Portinari – um dos grandes artistas brasileiros do século passado – trabalhou sofregamente para atender o pedido do governo brasileiro. Apesar da recomendação médica que evitasse o uso de tinta a óleo, já que apresentava sintomas de intoxicação pelo chumbo presente no composto, Portinari encarou a encomenda como missão e criou um dos mais belos e impactantes testemunhos da loucura humana. Portinari retratou a guerra não por meio de soldados ou equipamento bélico, mas por meio das suas vítimas, especialmente aquela que sofre a dor maior: a mãe que perdeu o filho.

Portinari era um idealista. Como boa parte da intelectualidade e de artistas da sua geração, ele era comunista filiado ao PCB, por quem concorreu a deputado constituinte em 1945 e a senador em 1947. Sua insistência em presentear o mundo com a sua arte pungente, como que clamando por um tempo utópico em que não houvesse a exploração do homem pelo homem, custou-lhe caro. Portinari praticamente se auto-emulou por sua utopia, tornando-se, mais que um artista, um herói trágico de toda a humanidade. Guerra e Paz foram os últimos grandes painéis pintado por ele. Depois disso, adoeceu pouco a pouco até morrer em 1962, vítima das tintas que para ele eram uma arma.

Os quadros foram finalmente instalados em Nova York, em 1957, no hall de entrada da Assembleia Geral da ONU. Por ser comunista, Portinari não obteve autorização do governo americano para ir à inauguração da sua obra. Atualmente, por razões de segurança, o grande público não tem acesso ao local, apenas os políticos de todos os países do mundo. Recentemente, quando João Portinari soube que as instalações da ONU passariam por reforma entre 2010 e 2013, tanto fez que conseguiu a guarda da obra de seu pai por esse período. Era a oportunidade dos painéis Guerra e Paz percorrerem o mundo e finalmente serem conhecidos pelo povo. Em contrapartida, eles deveriam voltar devidamente restaurados, como previa o contrato entre a ONU e governo brasileiro dos anos 50. Para essa empreitada, João Candido obteve o apoio do governo brasileiro, por meio do BNDES, e de outras entidades públicas e privadas.

Segundo João Candido Portinari, depois de São Paulo Guerra e Paz devem percorrer o mundo. Com o esperado apoio do Itamaraty, os painéis de Candido Portinari vão levar sua mensagem dramática e de esperança à cidade de Oslo, na Noruega, por ocasião da entrega do Prêmio Nobel da Paz, em dezembro de 2012. Em agosto de 2013, eles voltam para o hall da sede da ONU. Lá, a esperança é que sua missão seja completada, afinal, Portinari não retrata apenas a guerra, mas também um tempo de paz, no qual as crianças possam brincar e os adultos de todas as etnias possam trabalhar e viver - em paz.

Por Eduardo Rascov
Saiba mais sobre a abertura desta exposição.
Visitas Guiadas a esta exposição, a partir de 1° de março.

Serviço:
Guerra e Paz, de Portinari
Exposição dos painéis pintados por Candido Portinari
Período: 7 de fevereiro a 21 de abril de 2012
Local: Fundação Memorial da América Latina,
Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664,
nos seguintes espaços:
Salão de Atos, Galeria Marta Traba e Biblioteca Latino-americana Victor Civita.
Horário: terça a sexta, das 9h às 18h
Visitas guiadas temporariamente suspensas, por superlotação da agenda. Caso haja alguma mudança na agenda informaremos aqui. Mais informações de terça a sexta pelo telefone 3823.4671 ou pelo e-mail: educativoguerraepaz@gmail.com

Leia matéria na Revista Nossa América sobre Portinari http://www.memorial.sp.gov.br/memorial/revistaNossaAmerica/44/revista44-port.pdf

MASP - EXPOSIÇÃO TEMPORÁRIA - ROMA, A VIDA E OS IMPERADORES

EXPOSIÇÃO TEMPORÁRIA


ROMA - A VIDA E OS IMPERADORES

Período: de 25 de janeiro a 22 de abril de 2012

Formado por riqueza cultural que abrangeu toda a Europa e parte da Ásia e da África, o Império Romano fundiu costumes e tradições que se propagaram pelo mundo ao longo dos séculos. Em Roma - A Vida e os Imperadores, o desafio é recontar a trajetória do povo e dos imperadores romanos no período tardio da República e primeiros séculos do Império Romano por meio da arte, da arquitetura triunfal, das cerimônias de poder, da vida cotidiana, das célebres conquistas e da opulência do Império.

De 25 de janeiro a 22 de abril, o público poderá apreciar o deslumbrante acervo que sai da Itália pela primeira vez, vindo de importantes instituições como o Museu Arqueológico Nacional de Florença, o Museu Nacional Romano, o Museu Nacional de Nápoles, o Antiquário de Pompeia, o Museu Arqueológico de Fiesole e a Galeria Uffizi. A exposição marca a abertura da programação do MASP no Momento Itália Brasil 2011-2012.

A curadoria, assinada por Guido Clemente, professor de História Romana da Universidade de Florença, em parceria com uma comissão de estudiosos e historiadores dos principais museus italianos de arqueologia, buscou privilegiar a abordagem dos imperadores de Roma do ponto de vista do exercício de seu poder e de suas diferentes personalidades. “Augusto, por exemplo, foi o modelo de respeito pela tradição; ao contrário de Nero, que quebrou todas as regras e fez do papel imperial símbolo de tirania e crueldade. Trata-se de um verdadeiro obcecado pelo luxo”, explica o curador, para quem a variedade de peças é a verdadeira riqueza da exposição, pois permite ao visitante o acesso a um mundo complexo. “Tentamos colocar o poder imperial em perspectiva e lidar com o que o Império realmente foi. Neste sentido, tratamos da vida social e familiar, da escravidão, da economia, dos hábitos diários, da religião, dos costumes, do trabalho, das casas dos ricos e da forma como os menos afortunados viviam”, afirma.

Entre os destaques estão três paredes com afrescos da Vila de Pompeia, as estátuas de Júpiter, de Lívia (esposa de Augusto) e da deusa Isis, a Cabeça Colossal de Júlio César em mármore, máscaras teatrais, escultura de Calígula, Armadura de Gladiador, desenhos do Coliseu, a Lamparina de Ouro e cerca de 60 joias.

A exposição é uma realização da Casa Fiat de Cultura, do Gabinete Cultura e Escritório Emílio Kalil, com patrocínio da Fiat Automóveis, co-patrocínios do Bradesco e Santander, parceria da APPA e apoio do Ministério da Cultura, através da Lei de Incentivo à Cultura, da Embaixada Italiana no Brasil e do Momento Itália-Brasil.

NÚCLEOS E MÓDULOS

Para estimular o visitante a uma verdadeira viagem no tempo, Roma - A Vida e os Imperadores foi estruturada em ordem cronológica. O ponto de partida é o processo de estabelecimento do Império, período revivido por meio da vida e obra de César e Augusto, seus fundadores, e o destino final é o terceiro século, considerado o apogeu do domínio de Roma.

A mostra é formada por quatro núcleos expositivos.

Para cada núcleo, foram selecionados os mais representativos exemplares arqueológicos para contextualização da narrativa expositiva. Mapas, fotos e documentos ajudam o público a compreender com facilidade o traçado museográfico e recursos interativos permitem que o visitante vivencie a força e o legado histórico do Império em sua plenitude.

Eis os núcleos da exposição e seus respectivos módulos:

1. Entre César e Augusto: o nascimento do Império

Apresenta a dinastia, a vida e o legado de Júlio César (século I a.C. a III d.C), assim como as guerras dos romanos e a conquista da Gália. Neste núcleo, o público conhece ainda grandes monumentos e estátuas romanas e conta com referências a Augusto, assim como à religião e à fundação da cidade que se tornaria legendária.

Os módulos:

- O mundo de César. As guerras dos romanos. A conquista da Gália.

- O mundo de Augusto. A cidade de Roma e seus monumentos. A família, amigos, intelectuais.

- O processo de romanização e da fundação da cidade.

- A representação do poder. Capitolino Religião e Culto Imperial.

2. Nero

O luxo e a opulência que marcaram o legado do imperador Nero, tornado soberano aos 17 anos, estão presentes neste núcleo. Exemplificada pelo grande número de joias em ouro, prata e esmeraldas, objetos do cotidiano de grande valor e elementos que fazem referência ao universo feminino da época, a riqueza exacerbada eleva Roma, ainda mais, ao status de Império imponente e consolidado.

Os módulos:

- O Mundo de Nero.

- Nero artista.

- Teatro.

- Luxo. O mundo feminino: retratos, joias e objetos para a beleza.



3. O apogeu do Império

No centro de discussão deste núcleo estão os jogos do Circo e do Coliseu. Neles, a força e o poder se misturam com gladiadores e grandes lutas. Trata-se das atividades de “pão e circo”, que eram parte da rotina dos romanos nos tempos áureos do Império, sendo representadas também na arquitetura, nas atividades domésticas e cotidianas dos que lá viviam. Por isso, imagens e artefatos da cidade e do comércio da época, bem como retratos de imperadores e familiares também estão nesta parte da exposição.

Os módulos

- Os jogos do circo e do Coliseu: as raças e gladiadores.

- O domus e moradia. A casa de Pompeia.

- A vida em família e cotidiano: trabalhar, brincar, escrever e a intimidade.



4. Um Império multicultural

A última parte da exposição explora as variadas origens dos costumes romanos. Tendo dominado vastas regiões de distintas etnias em três continentes diferentes – Europa, África e Ásia –, as religiões (como sincretismo de deuses e introdução de novos cultos, como Mitra e Isis), os elementos de culturas regionais (de tribos africanas e comunidades asiáticas) e a miscigenação de povos foram fundamentais para a formação da sociedade romana.

Os módulos:

- Religiões orientais.

- O povo da periferia para o centro do império.

- Da Europa para a África para a Ásia.

- Entre romanos e bárbaros.



INTERATIVIDADE

Roma – A Vida e os Imperadores apresenta ao público um mapa interativo que permite contemplar a vastidão do Império Romano em seu auge, com interface que possibilita a visualização dos limites do Império antigo sobre o mapa político do mundo atual. Além disso, há uma projeção interativa que banha os visitantes numa chuva de moedas de ouro, simbolizando a importância das moedas para o império romano. O legado da civilização romana está presente também no cotidiano dos brasileiros, mesmo que não percebamos - esse tipo interação traça comparações e demonstra as importantes influências que Roma deixou na sociedade atual.



SERVIÇO EDUCATIVO

Como para as outras exposições temporárias e mostras de obras do acervo realizadas pelo MASP, Roma – A Vida e os Imperadores tem um programa educativo elaborado especialmente para atender aos visitantes, professores e alunos de escolas públicas e privadas. A idéia, neste contexto, é oferecer ao púbico um olhar aprofundado sobre o período narrado através dos objetos e obras.

Informações Gerais

• Roma - A Vida e os Imperadores

370 peças e obras originais recontam fatos e costumes do período tardio da República e primeiros séculos do Império Romano.



Local: Galeria Clemente de Faria, 1 e 2 subsolos do MASP (Avenida Psulista, 1578).



Período: 25 de janeiro a 22 de abril de 2012

Horários: Terças a domingos e feriados, das 11h às 18h. Quintas-feiras das 11h às 20h. A bilheteria fecha sempre 30 minutos antes.



Ingressos: R$15,00. Estudantes, professores e aposentados com comprovantes pagam R$7,00. Visitantes até 10 anos e acima de 60 anos de idade têm entrada gratuita.


EDUCATIVO MAM - OFICINA DE FANTASIAS

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012